Um bar, ótimo, meus amigos sempre sabem como aumentar minha auto estima, ela funciona como um motor de carro, com alcool.
Depois de algumas horas de risada, alguns copos ente
sorrisos, alguns flertes não correspondidos eu estava drunk, entre copos vazios
e pessoas embaçadas eu me via ali, sentada no chão do bar perdida, mas como
perdida? Eu sabia que meus amigos estavam ali fora, entendi depois de algumas
lágrima que eu estava perdida dentro de mim, minha alma talvez já nem habitasse
meu corpo, meus sorrisos eram falsos? Talvez eu só não tivesse mais conexão com
o meu coração, com os meus sentimentos. Também puderá, ele levou tudo de mim
com ele, minha alma, coração, sorrisos e sonhos. Aliás, quem nunca foi
despejado pelo amor? Sim, despejado, pois ele abrigava em mim, e hoje estou na
rua, sem teto.
Ainda sentada nesse chão frio, completamente bêbada e
envergonhada eu pude prestar atenção em como as pessoas em um bar são
parecidas, pude inclusive classifica-las, mais de 50 pessoas em apenas três
categorias: As felizes, As mentirosas e As iludidas.
Sim, um bar inteiro que se classifica em três tipos, As
felizes óbvio, estão ali com seus parceiros, ou com aqueles amigos comemorando
uma data importante, mas elas amam alguém, e são felizes por ser reciproco.
As mentirosas, geralmente são aquelas que sempre estão com o
celular na mão, falando para os amigos que está ótima, esta feliz, ta tirando
foto a cada minutos pra enviar falando que ta feliz pra caralho, é incrível o
nível de mentiras, chega a ser irônico o quanto ela sorri enquanto trava uma
guerra de sentimentos dentro de si.
As iludidas, essas são fáceis de perceber, olham pro nada,
olhares longes, os amigos tentam apresentar-lhe alguém, tudo em vão, ela
conversa, troca telefone, mas sabe que tudo ali é falso, eles se beijam, ela
fica de olho aberto, onde estão seus pensamentos agora? Incrível como todos esses esteriótipos que criei giram em
torno dos sentimentos, será que o amor é tão importante assim, eu penso que
não, o amor destrói, machuca, te deixa no chão, quem gostaria de ter isso
dentro de si? Puff, olha só eu, nesse chão, pensando como se eu soubesse de
algo, há semanas atrás eu estava fazendo planos de casar, hoje estou aqui,
babando no chão e nem consigo levantar a mão para me limpar, será que ate minha
dignidade me abandonou? Eu própria me abandonaria se isso fosse possível.
- Que horas são? Onde estou?
-Relaxa, você está bem, qual o seu nome?
- Onde estou?
-No hospital, você entrou em coma alcoólico, mas já passa
bem, ficou dois dias desacordada, seus pais estão chegando.
Sim, só podia ser o fim, e ainda me dizem que o amor é bom,
talvez tenha sido uma dose de amor com gelo que tomei ontem que me trouxe até
aqui, por que esse tal do amor não me leva embora logo? Me mate! É isso que
você diz que faz com as pessoas, eu quero morrer de amor, com um pouco de gelo
e limão por favor.
Meus pais me trouxeram ao psicologo, qual é, eles acham
mesmo que meu problema se resolve conversando com alguém? Eu estaria curada,
eles deviam escutar o quanto falo com a minha mente.
Eu passei um mês em tratamento, me disseram que eu não tinha
mais depressão, eu fiz eles acreditarem nisso, aliás eu nunca acreditei em nada
do que aquele cara de branco com o óculos quase caindo na ponta do nariz dizia.
Ele dizia assim: -“Ana você precisa se permitir amar de
novo”
A qual é, agora o amor precisa de permissão pra entrar em
alguém, você está brincando comigo? Aonde eu assino?
Eu estava livre das consultas, mas não da dor, eu estava
decidida, eu já sabia como eu mataria aquela dor de amor em mim.
Sim, pode parecer estupido mas eu fui em direção á morte,
estava na beira de uma rodovia movimentada, eu estava relaxada e confiante, ali
seria o fim de tudo, inclusive do que restou de mim, levantei os braços,
respirei fundo e adormeci meu corpo, foi o fim do amor, aquele amor, o nosso
amor, como o amor pode ser criado e alimentado por duas pessoas e depois uma
delas leva-lo embora? Esse foi o fim de tudo.
Senti algo me entrelaçar pela cintura, uma voz grossa
gritando não, era Deus me puxando tão depressa? Eu ainda nem tinha sentido o
chão.
- Ana! Não, eu te amo.
E foi assim que ele voltou, me abraçou forte e disse que
nunca mais me abandonaria, pediu desculpas, chorou, disse que me “amava”.
Queria poder saber o significado de amor, não aqueles de
dicionario, aquele da vida real, onde as pessoas apontam tanto uns para os
outros e dizem isso é amor, aquilo não. Qual é a regra, eu ainda o amava? A
resposta era não, eu já não o amava, ou amava? Quem pode dizer? Sigo quais
regras para amar? Estou perdida de novo, perdida no amor, perdida em mim,
perdida nele.
Meses depois de quase morrer literalmente por amor, eu entendi
o que significava isso, eu estou morrendo de amor agora com ele, e sei o quanto
é bom morrer de amor e continuar vivendo. Talvez seja tudo blasfêmia, talvez
seja tudo ilusão novamente, quem sabe daqui uns meses eu retorne aquele bar,
naquele mesmo chão frio que me acolheu, quem sabe? Eu não.
Pode ser que o amor exista, existiu, existirá, quem sabe?
Pode ser que eu amei, que eu ame, ou amarei, quem sabe? Por que as pessoas
acham que sabem o que é amor? Para que regras?
Quem ama não trai, não mente, não perdoa, não volta, não
finge, não machuca, quem ama faz o que?
Eu amava? Eu amo?
Que se dane, talvez seja amor, talvez não, já parou pra
pensar que as pessoas só querem ser felizes, só querem se sentir bem com
aqueles que te fazem bem?
O amor é relativo, eu amo? Sim, eu amo. Estou morta, em
óbito pelo amor, Vocês deveriam sentir como é bom morrer por amor e continuar
vivendo.
Texto em parceria com Aghata Dantas
Texto em parceria com Aghata Dantas
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