A acham extremamente louca. Dizem que ela vive num mundo que não existe. Que ela é estranha. Que ela não deveria ser assim e que ela precisa amadurecer. Tolos. Não enxergam, definitivamente, o quanto essa menina é fantástica e o quanto ela está certa em viver num mundo cheio de unicórnios, fantasias e sonhos.
Estamos em tempos difíceis. Com guerra, desunião,
fome, sede, desamor e egoísmo. Sem contar nossos problemas do dia a dia:
trabalhos da faculdade, pouco dinheiro, chefe mal-humorado, carro quebrado e
boleto atrasado. É um mundo que, quando somos crianças, não imaginamos ter.
Pedimos para crescer, queremos ser “gente grande” e achamos
que assim tudo será mais fácil. Ahhh doce ilusão infantil. Agora
pedimos para nos tornamos “gente pequena” de novo.
Ela tem tantos problemas, tantas tarefas diárias,
mais afazeres e deveres que lazer que quando tudo se torna pesado demais, ela
corre para o mundo que ela criou na imaginação. Dentro dela existe um mundo sem
problemas, onde todo mundo é igual, onde ela monta num unicórnio e segue
feliz. Ela usa a ingenuidade que ainda existe dentro dela para esquecer
o mundo real. O usa como refúgio.
Ela cumprimenta as flores, dá bom dia para
passarinhos, vê o mundo colorido, ama o próximo e quer o bem de quem quer que
seja. Enxerga a vida cheia de arco-íris, com leveza, frescor e alegria. Mas tem
uma garra inquestionável, corre atrás do que quer, uma mulher de fibra e que
não desanima no primeiro obstáculo. Aguenta gente sem educação, os nãos da vida
e mesmo assim, sorri. E agarra, com unhas e dentes, os sonhos e a
ingenuidade que tem dentro de si.
Qual o problema dela sonhar assim? Qual o problema
dela ter vários objetos com unicórnios lindos e coloridos? Não
é porque ela cresceu, que ela deve se desfazer da inocência que temos quando
somos crianças. Todos nós deveríamos ter um mundo imaginário e pensarmos nele
para relaxar. Se fechar no banheiro da empresa, sentar no chão e lembrar de
quando tudo ainda era fácil. Se concentrar que se as coisas estão pesadas
demais devemos nos agarrar naquilo que, dentro de nós, torna tudo mais leve.
Ela mostra ao mundo o quanto ainda vale a pena
sonhar. O quanto se apegar numa coisa tão pequena para os outros, mas tão
grandioso pro dia caótico dela, vale a pena. E sim, ela é muito
madura. Tem que ser muito maduro para conseguir criar tanta coisa boa no
meio de tanta gente ruim. Tem que ser muito maduro para ainda acreditar que o
mundo tem jeito.
Meu desejo? Que ela continue assim. Com essa armadura do dia a dia e com
a doçura dentro dela. Que enxergue o mundo cada dia com mais cor, cada dia com
mais amor. E que essa menina que vive dentro desse mulherão, sobreviva aos
olhos repreendedores de quem não entende que imaginar um mundo melhor dentro de
si, é um dom que só os bons de coração têm.
0 Comentários