Tudo começou com um “vamos nos conhecer melhor?”, no qual achei brega e já estava aguardando um “você vem sempre por aqui?”. Mas ao contrário de todos que já conheci — e de todas as cantadas bem ruins que já ouvi — resolvi dar uma chance de conhecer melhor aquele desconhecido com um sorriso cativante. Conversamos sobre faculdade, política, emprego, sonhos e interesses na vida. Bem maduro ele. Por isso, acabou se tornando interessante.
Depois de horas de uma conversa
interminável, vi que ele tinha pensamentos e estilos de vida, bem parecidos com
os meus. Inclusive, por alguns instantes, comecei a pensar que ele era minha
versão — bem charmosa — masculina. Ele quem puxava os assuntos
e fazia as perguntas, até que ele tocou no nome do Nando Reis, meu cantor
predileto. Me empolguei real com a conversa e mandei o link da
minha playlist só com músicas dele. Até que conhecer melhor aquele
garoto não estava sendo tão ruim quanto pensei que seria quando ele me fez a
proposta.
Conversamos tanto que fui dormir às
duas da manhã, tendo que acordar às 7 para ir ao trabalho. Perdi a hora, saí
correndo e durante o trajeto, mandei um “bom dia”para ele. Ele de
pronto me respondeu e lá se foi mais um dia inteiro de conversa. E foi assim
durante um mês. Conversas infinitas e nasceu a intimidade e a rotina. Rotineiro
mandar bom dia e só acabar a conversa com um “boa noite. Durma bem, até
amanhã”. E confesso que sonhava com o outro dia para conversarmos
novamente.
Até que um dia entre conversas, ele
me perguntou se estava disponível no fim de semana. Meu coração gelou, meu
estômago se encheu de borboletas, minha mão suava frio e bateu um certo
desespero. “Vou conhecê-lo, ai meu Deus”, pensei na hora. Respondi
que estava sim disponível e no sábado, fomos a um barzinho. Impressionante como
mesmo pessoalmente, as nossas conversas não tinham fim. Ele era bom de papo e
eu amo conversar. Quando ele foi me deixar em casa, nos beijamos. Ali estava
conhecendo o beijo dele e não vou negar, o melhor que já tive em toda minha
vida. Desci do carro, tranquilamente, não querendo mostrar empolgação e quando
fechei a porta de casa, comecei a saltitar feito uma gazela no campo. Nesse
momento, meu celular tocou e era uma mensagem dele: “que esse dia se
repita mais vezes e além de nossas conversas, seus beijos se tornem rotina”.
Sorri de orelha a orelha e fui dormir.
E não é que o pedido dele foi uma
ordem? Se tornaram rotina: nossos beijos, nossos filmes debaixo da coberta aos
fins de semana, nossas viagens ouvindo Nando Reis e nossos almoços de domingo
com as nossas famílias reunidas — cada domingo na casa de uma avó. Uma
coisa não se tornou rotina, nosso amor. Ahhh o nosso amor se renova
cada dia mais e mesmo depois de tanto tempo, cada dia o conheço melhor. E a
cada dia o conhecendo melhor, me torno uma pessoa melhor ainda.
Admito que ainda acho brega o “vamos nos conhecer melhor?”,
mas dizem por aí que o amor é brega não é? E hoje eu penso que o amor tem que
começar mesmo da breguice, das cantadas ruins, dos cortejos como na época da
minha avó. Espero que todos tenhamos alguém para propor um “vamos
nos conhecer melhor?” e você se dê a chance de conhecer. E que a cada
dia que passar, o conhecer se torne o mais feliz conhecimento da sua vida. E
que quem te propôs, se torne o grande amor da sua vida.
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