Naquela noite, você olhou nos meus olhos e pediu para eu não sumir. - Mas eu nunca sumi, sempre estive aqui, esperando pelas migalhas do seu afeto. Você perguntou se eu teria coragem de fazer um bate e volta para o Rio de Janeiro. Naquele instante, eu já me via sentada ao seu lado, no banco do carona, te provocando com minhas piadas ruins e tentando arrancar risadas de você... E ainda veio a pergunta sobre ir ao show da Mariah Carey em setembro. Aquilo me confundiu tanto. Pelo seu histórico, eu sabia que aquelas palavras não vinham de um lugar sincero, mas algo dentro de mim insistia para eu acreditar. Afinal, como aqueles olhos, que pareciam me atravessar a alma, poderiam estar mentindo?
Quando estamos juntos, é como se fôssemos livres de qualquer amarra, e seguimos nossos impulsos, sem medo, sem culpa. Todo lugar vira o nosso lugar, e não deixamos o desejo passar despercebido. Eu amo essa sensação de estar vivo, leve e entregue, mesmo sabendo que esses momentos são fugazes. Porque, no fim da noite, você vai pegar o carro e voltar para a sua cidade. Eu sempre quis que você ficasse, hoje, amanhã, e quem sabe até sempre... Mas você sempre vai. E dessa vez, acho que é para nunca mais voltar.
No dia seguinte, você me esquece, como se o que aconteceu na noite anterior nunca tivesse existido. Minhas mensagens chegam e nossas conversas não vão além da superficialidade. Você me elogia, fala de como ama o meu corpo, e diz que eu sou uma pessoa boa. Talvez eu seja tudo isso, mas sei que não sou a pessoa que vai te fazer ficar. Nas semanas seguintes, continuo enviando mensagens no Instagram, que você apenas visualiza. No WhatsApp, o destino é o mesmo: silêncio.
E eu me pergunto... como pode? Eu, que sempre pedi para quem não quer ficar, ir embora, agora me vejo implorando internamente para que você fique. Me contradigo em silêncio, me perco nos meus próprios pensamentos, tentando entender essa estranha necessidade de te manter por perto, mesmo sabendo que você já partiu, em todos os sentidos.
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