Sentir dói, mas cura

Eu sempre fui do tipo que achava que dava pra controlar o que se sente. Meio sem querer, sabe? Como se um sorriso, um café quente ou uma distração qualquer pudesse fazer com que as coisas não doessem tanto. Até que um dia, no meio do caos, percebi que sentir dói. E não tem manual, não tem escape, não tem remédio que faça o coração parar de pulsar aquela dor que a gente tenta ignorar.

Mas sabe o que é estranho? É justamente essa dor que, aos poucos, vai curando.

Sentir dói porque nos lembra que estamos vivos. O amor que a gente perde, as despedidas não ditas, as palavras que ficaram presas na garganta... tudo isso pesa, e às vezes parece que a gente vai desmoronar. Mas, no fundo, essa dor é uma forma de limpar a alma, de reorganizar o que ficou bagunçado por dentro.

Tem dias que o choro vem do nada, como uma tempestade que você não esperava. Outros, a saudade dá aquela pontada no peito que quase te faz perder o fôlego. E é nesses momentos que a gente tenta fugir, achar um atalho pra não encarar o que tá lá dentro. Mas não adianta, porque não sentir é quase como não viver. E, acredite, viver é sentir.

Com o tempo, aprendi que tudo que a gente sente tem um motivo. A dor que parece não ter fim traz consigo uma transformação. As lágrimas que caem carregam com elas pedaços de nós que não servem mais, que não cabem mais na pessoa que estamos nos tornando. O luto que sentimos por algo ou alguém perdido nos ensina a valorizar o que ainda está aqui, mesmo que de forma diferente.

A dor, por mais cruel que pareça, abre espaço para o novo. Porque só quem sente de verdade consegue também curar de verdade. E, nessa dança entre a dor e a cura, a gente vai se redescobrindo, vai se permitindo ser mais leve, mais livre.

Então, se hoje o peso do mundo parece estar sobre seus ombros, respira fundo e lembra: sentir dói, mas cura. É através desse caos emocional que a gente se encontra. E por mais que as cicatrizes fiquem, elas também contam uma história de resistência, de quem enfrentou as tempestades e ainda assim, escolheu continuar navegando.

No fim das contas, talvez a grande verdade seja que a gente não precisa ter medo de sentir. O segredo é se permitir. Porque a dor, quando aceita, transforma. E a cura, quando chega, nos torna mais fortes. 

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