Talvez não seja o bastante


 Eu nunca fui bom com “talvez”. Em um mundo onde todo mundo parece correr para fugir do definitivo, meu coração sempre soube o que queria – e o que não queria também. Ele já me enganou algumas vezes, já me fez acreditar que uma faísca poderia ser fogo, que um olhar meio vago poderia ser amor, mas em uma coisa ele nunca falha: ele sempre sabe quando é hora de partir.

Porque tem algo em aceitar menos do que se merece que dói fundo. É o peso das respostas que ficam no ar, dos planos que nunca se realizam, das mensagens que chegam com atraso e das desculpas que vêm no lugar de certezas. Talvez seja pior do que não ter nada. Porque, no “talvez”, a gente fica esperando que um dia vá se tornar um “sim”. Mas, enquanto isso, o tempo passa, a esperança desgasta, e nosso coração vai ficando pesado, sem brilho, cheio de dúvidas.

Eu acredito que o amor deve ser inteiro, desses que chegam e ficam. Que não se deixa pela metade, nem se divide em migalhas. E, sim, pode até doer se abrir e perceber que o outro não está disposto a ficar. Pode até machucar o orgulho, rasgar as expectativas, mas há algo de poderoso em saber a hora de ir embora. Em entender que nosso coração é tolo às vezes, mas ele só quer o que é certo para a gente.

E, de tanto escutar os “talvez” da vida, aprendi que eles nunca serão o bastante. Eu quero o amor que vem de peito aberto, sem dúvidas ou receios, aquele que se joga e decide ficar. No fim, essa é a única maneira de se amar e se permitir ser amado como a gente merece.

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